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TIRO LIVRE 213n12

E o contrato dos jogadores de futebol, vale ou no vale? 6bbp

Quando um jogador se sente insatisfeito, por qualquer que seja o motivo dele, e pe na cabea que quer sair, ele acaba saindo mesmo 5wm46

postado em 25/01/2019 10:30 / atualizado em 25/01/2019 09:19

Marcelo Cortes/Flamengo

Uma das coisas que a vida volta e meia nos joga na cara que no temos controle sobre nada. Nadinha. At fazemos planos, mas da a tudo seguir o roteiro projetado so outros quinhentos. No meio do caminho aparece um atalho, o destino prepara uma rasteira – e por vezes surpresas agradveis –, e olha as certezas se desconstruindo, os recomeos batendo porta e um novo script se definindo. A gente nunca sabe o que vai acontecer depois que terminarmos de ler esta coluna, ou amanh, ou daqui a um ms, ou at daqui a um ano... Agora imagina quando um jogador assina contrato com um clube e se compromete a vestir aquela camisa por aquele determinado perodo, geralmente longo. Bom, isso ns tambm estamos cansados de saber que no funciona exatamente assim.

Nesta temporada, especialmente, tivemos/temos exemplos bem claros disso em Atltico, Cruzeiro e Amrica. Atletas que se sentem seduzidos por propostas de outros times e, mesmo com vnculo em vigor, decidem que chegou a hora de experimentar novos ares. Comeou com De Arrascaeta, que trocou a Toca da Raposa pela Gvea e at j estreou com a camisa do Flamengo. Agora, repetem o enredo Elias, no Galo, e Messias, no Coelho. Coincidentemente, ambos esto com a mira voltada para o Beira-Rio, cobiados pelo Internacional.

Diz o ditado popular que o combinado no sai caro. E, a partir do momento em que um atleta, seus representantes e dirigentes de clube se sentam para um documento, imagina-se que tudo aquilo que est escrito ser cumprido. Contudo, quem est no futebol sabe que no sempre assim. Quando um jogador se sente insatisfeito, por qualquer que seja o motivo dele, e pe na cabea que quer sair, ele acaba saindo mesmo. Friamente falando, assim que a banda toca, e nessas horas no adianta tratar o assunto com a ionalidade de um torcedor. Quem est no futebol precisa ter outro olhar, criterioso, calculista at.

Mais do que entrar no mrito de quem tem razo (pois cada um tem seus argumentos para escolher o que o melhor para si), preciso analisar como esse tipo de situao deve ser istrada por quem gerencia os clubes. E, para incio de conversa, preciso ter em mente que cada cabea – com o perdo do trocadilho – , realmente, uma sentena. muito pessoal a deciso de ficar ou sair. Eu, por exemplo, considero um retrocesso um jogador jovem e promissor, com convocaes para a Seleo Brasileira (ou de outros pases, no caso dos gringos) em vista, se transferir, por livre e espontnea vontade, para um time rabe, chins ou coreano simplesmente por propsitos financeiros. Imagino que um jogador com esse perfil tem condio de alcanar a tal independncia financeira, alicerada por uma carreira consistente em grandes centros, se tiver mais pacincia em galgar os degraus. Mas essa a minha viso, a viso de algum que est de fora. Um julgamento que, no fim das contas, nem cabe a mim, e sim a quem sentir na pele o nus e o bnus de sua escolha.

O mais importante nesta hora, a todos os envolvidos diretamente, o profissionalismo. O caso do uruguaio De Arrascaeta exps bem essa questo. No auge da carreira, ele recebeu uma oferta para ganhar trs vezes mais do que recebia no Cruzeiro, e se sentiu balanado. Nada mais natural. Exps o desejo de ir para o Flamengo, mas estava ciente de que dependia de acerto entre os times para concretizar sua vontade. Essa era a tese. A prtica foi diferente. E, ao abandonar a Raposa em meio negociao, pisou na bola.

Messias parece trilhar caminho semelhante agora, no Amrica. Zagueiro de potencial, que certamente despertaria o interesse de equipes da Srie A depois de boas temporadas com a camisa alviverde, ele se retirou das duas primeiras partidas do Coelho neste ano. Aos 24 anos, tem todo o direito de se entusiasmar com uma transferncia para o Inter, e toda a vitrine que conseguir no Sul, mas at que a transao se concretize, ainda tem obrigaes a cumprir com a equipe com a qual tem contrato.

Com o volante atleticano Elias a situao parecia bem Istrada at o pai dele e empresrio, Eliseu Trindade, entrar no circuito e, em entrevista para uma rdio gacha no incio desta semana, dizer que no “h clima” para seu filho continuar na Cidade do Galo aps a recusa, do alvinegro, em antecipar sua renovao de contrato e/ou negoci-lo com o Inter. Elias no s esteve na estreia do Atltico no ano, contra o Boa, como marcou gol. Aparentemente, estava tudo bem. Ontem, no CT, aparentemente, estava tudo bem tambm. O mesmo tem feito o atacante Luan, que falou abertamente sobre a proposta para jogar no Corinthians. No vejo o menor problema nisso.

Enquanto estiverem fazendo a parte deles como atletas, Elias e Luan estaro amparados por seu comportamento. Quem deve tratar, burocraticamente falando, de sada ou permanncia o empresrio. Ao jogador, cabe treinar e jogar at que tudo se defina.

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