O presidente do Cruzeiro Wagner Pires de Sá agendou para 8 de julho reunião extraordinária dos conselheiros do clube, na qual prestará esclarecimentos sobre as denúncias de irregularidades em sua gestão. Ele ignorou a posição de Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, que havia sugerido o encontro para 5 de agosto em virtude de possível falta de prazo para conclusão da análise da comissão de sindicância e também por o time estar envolvido em “importantes disputas” na Copa do Brasil e na Copa Libertadores.
Em nota oficial, Wagner ressaltou que a convocação do Conselho Deliberativo é “faculdade incondicional do presidente do Cruzeiro Esporte Clube”, não cabendo a Perrella, portanto, “deferir ou indeferir a solicitação”. O mandatário reforçou ainda que “todos os procedimentos estatutários estão sendo devidamente cumpridos, em especial aquele referente ao período de convocação e demais formalidades (prazo de 15 dias, em edital a ser publicado em um jornal de circulação em Minas Gerais)”.
Assim, o encontro do Conselho acontecerá pouco antes de o Cruzeiro enfrentar o Atlético, dia 11 de julho (quinta-feira), pela primeira partida das quartas de final da Copa do Brasil, no Mineirão. O segundo clássico ocorrerá na quarta, 17, no Independência. Depois, a Raposa pegará o River Plate, da Argentina, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. O jogo de ida será no Monumental de Núñez, em Buenos Aires, e o de volta no Gigante da Pampulha, em Belo Horizonte.
A diretoria do Cruzeiro é investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais por suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal. Os escândalos no clube vieram à tona após matéria exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, foram divulgadas irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A PCMG já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.
A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção. Como forma de quitação do débito, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que aram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). O clube ainda inseriu participação em uma possível venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pela lei, só poderá vínculo laboral a partir dos 16.
Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes, a contratação de conselheiros para prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas. Vale lembrar que o clube aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões de 2017 para 2018 e ainda não teve o balanço financeiro aprovado pelo Conselho Fiscal. Em 1º de julho haverá eleição para novos integrantes do órgão, já que os membros anteriores renunciaram em função do o às informações das finanças do clube.
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