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Opinião: Vasco deixou 'ambiente hostil' tomar São Januário, e PM ajudou 5d972

Mesmo com 'esquema especial de segurança', clube e PM deixaram torcedores, adversários e imprensa desprotegidos no estádio 42i22

24/06/2023 06:00 / atualizado em 24/06/2023 01:18
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PM teve papel importante para instaurar o caos em São Januário
foto: Gabriel Rodrigues/Vasco

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São Januário é um território hostil e o torcedor do Vasco, certo ou errado, se orgulha disso. Historicamente o clube é forte em casa e o estádio, de fato, tem um clima pouco convidativo ao time - e, às vezes, a torcida visitante. Mas, na noite da última quinta-feira, o pós-jogo teve um ambiente pesado e violento para o próprio time, imprensa e até a própria torcida. Isso tudo com uma grande contribuição da atuação da Polícia Militar.
 
Desde a última semana, quando foi confirmada a permanência do técnico Maurício Barbieri, mesmo depois da derrota para o Inter, no Beira-Rio - na ocasião, a quinta seguida -, se sabia que o clima em São Januário para o jogo contra o Goiás não seria outro. Quem frequenta São Januário e conhece minimamente a torcida do Vasco sabia disso. A raiva reprimida em anos de derrotas, descaso e humilhações, uma hora se rebelaria.
 
 
 
Sem julgamentos se isso é certo ou errado, mas era claro e evidente que isso aconteceria. A imprensa que cobre o Vasco sabia, o torcedor sabia, o clube sabia e a Polícia sabia. O que aconteceu depois da goleada sofrida para o Flamengo, com a depredação da fachada de São Januário, foi um ensaio para o que se viu depois do jogo com o Goiás. Mais do que um ensaio, foi um alerta. 

A torcida do Vasco, tão conhecida pelo apoio ao time mesmo em momentos difíceis, mesmo com cinco Séries B em 15 anos, cansou. Aliás, o próprio clássico com o Flamengo foi um exemplo disso. Com o 4 a 0 antes do intervalo, muitos torcedores já deixaram o estádio. A percepção foi de que os torcedores se dividiram em dois grupos: o que abandonaram e os que se revoltaram. Ainda assim, os vascaínos esgotaram os ingressos para o jogo com o Goiás. E todos sabiam o que poderia acontecer.
 

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Isso tudo sem nenhum sinal de reforço na segurança por parte dos funcionários do Vasco ou da PM. Alguns camarotes ao lado, dirigentes e integrantes da comissão técnica do Goiás, que também foram ameaçados, precisaram se deitar no chão para se esconderem. 

O Vasco deixou os próprios torcedores (esses, há anos), imprensa e representantes do clube adversário a própria sorte. Os dirigentes do Goiás só deixaram o camarote meia-hora depois do fim do jogo, quando policiais militares chegaram no setor para fazer a escolta do grupo. Isso tudo quando o corredor dos camarotes já estava parcialmente vazio e apenas alguns poucos jornalista permaneciam no local.
 

O que aconteceu em São Januário neste 22 de junho, que ficará marcado, não surpreendeu ninguém. Tudo isso foi construído ao longo dos últimos anos pelo próprio clube. É claro que nada isenta de culpa os indivíduos que começaram a arremessar objetos, como copos e latas, no gramado antes mesmo do jogo acabar.
 
Da parte dos torcedores, isso faz parte da sensação de vale-tudo no estádio, que é ainda mais reforçado em um local pouco cuidado e com sinais de abandono. "Se ninguém cuida, por que eu vou cuidar?", deve pensar o torcedor. E, não, o torcedor que faz isso não acha que fazendo isso o time vai ganhar o próximo jogo. Pensar que o torcedor acredita nisso é ingenuidade ou desconexão com a arquibancada. 

Mas, voltando ao "ambiente hostil", o Vasco conseguiu transformar um ambiente que antes era favorável ao time em uma a de pressão. Uma hora iria explodir. E o clube fez muito pouco ou quase nada para evitar isso. E ainda deixou desprotegidos jogadores, árbitros, imprensa e, principalmente, os próprios torcedores.

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