
A escolha ocorreu em Copenhague, na Dinamarca, em 2 de outubro de 2009. A votao ocorreu em trs turnos. No primeiro, Madri teve 28 votos, o Rio recebeu 26 e Tquio, 22. Chicago ficou em ltimo, com 18, e foi eliminado. Em teoria, sem os nove votos comprados, o Rio teria 17 e ficaria em ltimo, sendo eliminado. No segundo turno, o Rio teve 46 votos, Madri, 29, e Tquio, 20 - a capital japonesa foi eliminada. Na ltima etapa, o Rio teve 66 votos e Madri, 32. Os nove votos s fizeram diferena, portanto, no primeiro turno.
Cabral um dos rus em uma ao que tramita na 7 Vara Federal Criminal, no Rio, e investiga se houve compra de votos para eleger o Rio sede da Olimpada. A investigao teve origem na Operao Unfair Play, que em outubro de 2017 prendeu o presidente do Comit Olmpico do Brasil (COB) e do Comit Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo Gryner, ex-diretor de marketing do COB e de comunicao e marketing do Comit Rio-2016.
Alm dos dois e de Cabral, ru na ao o empresrio Arthur Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", que manteve contratos milionrios com o governo do Rio nas gestes de Cabral. Ele est foragido. A investigao brasileira sobre compra de votos para a Olimpada foi motivada por um pedido feito no fim de 2016 pelo Ministrio Pblico francs, que, durante investigao sobre doping no atletismo, encontrou indcios de corrupo na candidatura do Rio.
Em depoimentos anteriores, Cabral havia negado a compra de votos mas em dezembro ado mudou de advogado e em fevereiro ou a itir outras acusaes de que foi alvo. Sua defesa pediu ao juiz Marcelo Bretas o depoimento desta quinta-feira, para Cabral discorrer sobre a compra de votos. Ele contou ao magistrado que em agosto de 2009, dois meses antes da votao, foi procurado por Nuzman, que pediu um "encontro urgente" aps um evento esportivo em Roma. "Nuzman vira pra mim e me fala: 'Srgio, quero te abrir que o presidente da IAAF, Lamine Diack, ele uma pessoa que se abre para vantagens indevidas. Ele pode garantir cinco ou seis votos. Ele quer, em troca, US$ 1,5 milho", narrou o ex-governador do Rio.
Cabral disse que ento perguntou a Nuzman de onde viriam os votos e qual era a garantia de que eles seriam de fato obtidos. Nuzman teria respondido que viriam de membros africanos do COI e tambm de representantes do atletismo. O ex-governador teria ento autorizado Nuzman a seguir com a negociao.
"Eu chamei o Arthur Soares e falei pra ele da necessidade de conseguir o dinheiro para os votos. Isso foi debitado do crdito que eu tinha com ele. Fui eu que paguei. Eu dei o telefone do Lo (Leonardo Gryner, ex-diretor de operaes da Rio 2016) e eles acertaram com esse Papa Diack, filho de Lamine Diack", contou o ex-governador.
Em setembro de 2009, dias antes do jantar que ficou conhecido como a "Farra dos Guardanapos", Gryner e Nuzman teriam avisado Cabral sobre a possibilidade de garantir mais votos: "Em Paris, no hotel, eu fui chamado no canto pelo Lo e pelo Nuzman, que me falaram de um problema. O Nuzman falou que Papa Diack disse que conseguiria mais votos. Ele disse que poderamos chegar em nove votos no total, mas que precisava de mais US$ 500 mil. Eu disse pra ele que seria feito", contou Cabral. Segundo ele, essa conversa ocorreu em 14 de setembro e o pagamento foi feito 15 dias depois, por intermdio do "Rei Arthur".
At as 17 horas, a reportagem no havia conseguido contato com as defesas de Nuzman e Gryner.