Virou rotina. Sempre que Atltico e Cruzeiro iniciam as vendas de ingressos para jogos no novo Independncia, uma longa fila se forma nas bilheterias. A carga, menor que a procura, no se mostra suficiente. Em poucas horas os bilhetes mais baratos se esgotam e parte da torcida vai embora sem conseguir o lugar planejado. Dentro da arena do Horto, entretanto, a realidade outra: sobram cadeiras vazias em alguns setores das arquibancadas. Um desperdcio que, na viso dos dois maiores inquilinos e da BWA – que istra o estdio –, no se deve somente reserva dos programas de scio-torcedor.

Principal parceiro da empresa, com quem divide 90% dos lucros da arena, o Atltico ressalta nunca ter divulgado que os ingressos estavam esgotados. Embora no comente o assunto oficialmente, o clube diz destinar uma parcela dos cerca de 2.400 bilhetes reservados ao programa Galo na Veia venda quando o scio no comparece. A sobra de aproximadamente 600 ingressos comercializada a R$ 100, valor ainda sim proibitivo – a exemplo das entradas do setor vip, de R$ 200.
Outra parte da carga, acrescenta o Galo, depende dos 10% de ingressos reservados ao visitante. Quando as entradas no so utilizadas pelo rival (o Regulamento Geral de Competies da CBF estabelece um prazo de 48 horas para a confirmao), a sobra revendida a R$ 30. H ainda 288 cadeiras da diviso policial (um cinturo reservado pela PM com o objetivo de evitar brigas entre torcidas) e os ingressos de convnio, destinados a patrocinadores, parceiros ou homenageados pelo Galo. Na vitria por 5 a 1 sobre o Nutico, em 23 de junho, 570 crianas de escolas pblicas foram convidadas pelo Atltico para ver a estreia de Ronaldinho Gacho.

O Cruzeiro, por sua vez, defende que s reserva bilhetes para scios que estiverem com o pagamento em dia. Das cerca de 7 mil entradas do programa celeste, 6 mil costumam ser utilizadas pelo filiados no estdio do Horto, revela o diretor de marketing da Raposa, Marcone Barbosa. “Esse nmero varia conforme o jogo, mas no fechamento do sistema geralmente chegamos aos 6 mil.” Para evitar o desperdcio de lugares, Barbosa afirma que o clube est implantando um sistema de premiao, no qual o torcedor que confirmar no ir a determinado jogo receber pontos extras.

FALSA IDEIA O diretor do Cruzeiro reconhece que a capacidade do Independncia – inaugurado com laudo de segurana limitada para 23.018 assentos – em breve no ser suficiente, o que restringir o o aos scios. Mas apela para o costume de muita gente assistir aos jogos em p como uma das razes para o fato de as cadeiras ficarem vazias durante os jogos. “Isso cria a sensao de que h espao, enquanto os lugares esto realmente ocupados”, alega Barbosa.
A justificativa tambm foi dada pelo presidente da BWA, Bruno Balsimelli. Em entrevista antes do jogo Cruzeiro x So Paulo, no sbado, o comandante do consrcio Arena Independncia acrescentou que a disponibilidade de cadeiras poderia ser maior se no houvesse o problema de visibilidade das grades de ferro nas arquibancadas superiores. “So 6 mil assentos no chamado ponto cego, o que representa 24% do estdio. Com a capacidade completa, teremos 25.300 lugares. A capacidade de 23.018 se deve ao fato de termos fechado algumas partes que tm os pontos cegos principais", revelou Balsimelli.

O consrcio estuda a ampliao do Independncia para 36 mil pessoas. Um projeto de arquibancadas modulares, na rea onde ficam os vestirios, est sendo elaborado por uma empresa sueca a pedido da BWA e dever ser concretizado num prazo de dois anos.


AUTORIDADES CATIVAS
Uma clusula presente no contrato de concesso com a Arena Independncia tambm garante ao governo mineiro 100 lugares cativos no Independncia. Desse total, 30 ficam na arquibancada intermediria do setor Ismnia Tunes. Outras 70 cadeiras, no mesmo nvel, esto localizadas no lado da Rua Pitangui.