
Era ainda menino, 8 anos. Mas me recordo que, depois do 6 a 2 no Santos, o Cruzeiro tornou-se uma febre. Na pelada da rua, s vezes na garagem do prdio, todo mundo queria ser Tosto, Dirceu Lopes, Natal, Evaldo. Os goleiros, Raul. Todos s falavam do Cruzeiro na Taa Brasil. Lembro que os vizinhos iam at l em casa para conversar com meu pai sobre futebol. Ele era jornalista.
Saiba mais 27y6v
Segunda noite, entramos na Vemaguete do Zenbio e pegamos a estrada. De BH a So Paulo, foram 16 horas. No chegava nunca.
Mas chega a quarta-feira, dia do jogo. Chovia muito. Em volta do Pacaembu, parecia um lago. O primeiro tempo foi debaixo de chuva forte. Eu estava de capa. E em meio ao jogo – o Santos j ganhava por 2 a 0 –, uma cena me chama a ateno. Um reprter de campo, daqui de BH, joga o microfone no cho, na poa d'gua, e se deita para falar.
Fiquei encucado com aquilo. S muito tempo depois do jogo, com o Cruzeiro j campeo, que fui saber o que havia acontecido. Perguntei para ele, pois os mineiros ficavam sempre juntos, e me contou que, com a chuva, o microfone comeou a dar choque e ele o jogou no cho e se deitou para falar. Mas estava orgulhoso. “Contei, pelo rdio, pra Belo Horizonte, que o Cruzeiro tinha ganhado do Santos e era campeo.” Ele era Plnio Barreto, com quem viria a trabalhar alguns anos depois.
