
Pare e, por um momento, pense na diferena do peso, sobretudo comercial, entre o futebol masculino e o feminino no mundo – e, em especial, nos gramados brasileiros. No investimento nas selees. Na estrutura dedicada equipe nacional. No cuidado com as divises de base. Pense no marketing em cima dos atletas. Em quanto as grandes marcas esportivas desembolsam, para eles e elas. A visibilidade das competies, a cobertura de imprensa...
Depois de tudo isso, pense em Marta e em seus 17 gols em Copas. Nos seis ttulos de melhor do mundo que ela j recebeu na eleio da Fifa. Pense que, a esta altura da vida, ela ainda precisa entrar em campo com uma chuteira totalmente preta, sem patrocnios, em protesto pela desigualdade no futebol.
Pense nos frutos ainda no colhidos de tudo o que Marta j fez at aqui. Os gols no deram (ainda) Seleo Brasileira um ttulo mundial, ou a sonhada medalha de ouro olmpica. No serviram para que muitos parem de torcer no nariz para o futebol feminino. Mas podem estar certos que cada bola dessa que morreu no fundo da rede em Copas do Mundo foi – e ainda – uma rasteira nos preconceituosos. Uma lio para os machistas. Um sopro de esperana.
Hoje, todos falam de Marta. A enaltecem. E amanh? E depois de amanh? At quando Marta, e seus feitos, sero apenas uma estatstica histrica para o futebol mundial? Quanto tempo ainda falta para o futebol ser um esporte reconhecidamente de homens e mulheres? At quando o Brasil, inclusive na figura da CBF, vai se lembrar de Marta apenas na esteira das faanhas que ela obtm em campo?
So perguntas ainda sem resposta. O quo longe o Brasil vai chegar na Copa do Mundo na Frana uma pea apenas desse quebra-cabeas. Neste momento, a nica certeza que temos : que sorte a nossa que Marta brasileira!