Clssico 500: duelo Atltico x Cruzeiro, iniciado em 1921, atinge marca histrica 6k3v5n

Quando entraram em campo para aquele simples amistoso em 17 de abril de 1921 no Prado Mineiro, os jogadores de Atltico e Cruzeiro, ento Palestra Itlia, no tinham a mais vaga ideia de que estavam fazendo histria. Nem sequer imaginavam que, dcadas mais tarde, seriam vistos como os primeiros responsveis por um clssico que ganhou musculatura a ponto de se transformar num fenmeno que vai alm das quatro linhas e que neste domingo chega a seu duelo 500.

Como a disputa estabeleceu desde cedo uma linha divisria entre os dois clubes, nem mesmo sobre este total de partidas eles se entendem. Os celestes, por exemplo, em sua contagem indicam que ser o 482 duelo com os alvinegros. Contas fechadas ou no, fato que em 96 anos de disputa, Cruzeiro e Atltico produziram bem mais que nmeros e estatsticas. Produziram, sobretudo, paixo. para contar parte desta rivalidade quase centenria e apresentar especialmente seu lado humano que o Estado de Minas revisita duelos emblemticos e personagens essenciais.

L esto geraes que lideraram times perto do imbatvel desde os anos 1920. Duelos que se tornaram memorveis. Craques que, de to mgicos, pareciam irreais. E uma cumplicidade com as torcidas que moveu multides onde quer que as equipes se encontrassem – no Estadinho de Lourdes, no Barro Preto, no velho e no novo Independncia, no Mineiro, at mesmo fora de Minas.


Claro, em encontros em que polmica foi desde sempre o tempero mais comum: a declarao infeliz de um, a objeo ao rbitro de outro, a briga pelo vestirio estratgico, a catimba que foi parar no tapeto, o velho tapeto. Em certos casos, extremos que aram do limite. Bom que tenham sido exceo e que o espetculo, a bola, torcedores e jogadores se transformaram no melhor da festa.

Parte desses atletas que ajudaram a construir a magia do clssico est presente neste especial, para a qual deram depoimentos especiais: numa ponta Ronaldo Fenmeno, Dirceu Lopes e Tosto, noutra, Ronaldinho Gacho, Reinaldo e Dario. Alm deles, jogadores que ganharam o respeito de ambas as torcidas, como Nelinho e Procpio, que vestiram tanto a camisa atleticana quanto a cruzeirense e tambm estiveram beira do gramado, como tcnicos de ambas as equipes.

Sabem como poucos da pulsao que precede os grandes embates. Sabem, sobretudo, dos casos que se tornaram antolgicos nas partidas, antes e depois delas – e ainda daquilo que era lenda e se transformou em verso categrica prxima do incontestvel. No foram poucos, alis, os dolos que cruzaram de um CT para outro, s vezes envolvidos numa mudana turbulenta e incompreendida, e j nos ltimos anos em temperaturas que aram longe do debate apaixonado.

Curiosamente, mesmo tendo pouco a pouco roubado o protagonismo de Amrica e Villa Nova, Cruzeiro e Atltico decidiram poucos ttulos mineiros em confrontos diretos: foram 21, com 12 conquistas da Raposa, oito do Galo e um trofu dividido em 1956, depois de uma prosaica batalha judicial motivada pelo fato de um zagueiro atleticano estar em dvida com o servio militar obrigatrio. Em nvel nacional, decidiram unicamente uma taa, a Copa do Brasil de 2014, em que triunfou o Atltico.

A convite da reportagem, craques de vrias geraes escalaram aquela que considerada a seleo de todos os tempos para cada um dos times. Rumo ao clssico 500, mais uma polmica vista – um ingrediente que entrou em campo naquele 17 de abril de 1921 e dele nunca mais saiu.