Libertadores 1997
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Marcelo Ramos deixou Europa para conquistar Libertadores com o Cruzeiro 3v272

Atacante estava no PSV e acabou sendo artilheiro do time na Libertadores 3a2ik

postado em 13/08/2017 08:07 / atualizado em 16/12/2020 23:00

(Foto: Estado de Minas/arquivo)
O atacante Marcelo Ramos est marcado na histria do Cruzeiro. Revelado na base do Bahia, o 5 maior artilheiro celeste de todos os tempos – com 163 gols –, chegou a Belo Horizonte em 1995 e venceu o Campeonato Mineiro e a Copa do Brasil de 1996. Autor do gol do ttulo nacional contra o Palmeiras, no Parque Antrtica, ele saiu do clube mineiro para jogar no PSV, da Holanda, e retornou um ano depois para ser decisivo no ttulo da Libertadores de 1997. O bicampeonato continental completa 20 anos neste domingo.

No momento em que Marcelo retornou ao Cruzeiro, o time tinha acabado de conquistar uma classificao suada na fase grupos da Libertadores. Aps mudar o comando tcnico e perder as trs primeiras partidas, a equipe celeste venceu os trs ltimos compromissos e chegou ao mata-mata da competio. O camisa 23 revelou o que fez com que ele abrisse mo de seguir na Europa para retornar ao Cruzeiro.

“Eu era um jogador praticamente do grupo, porque fiquei menos de um ano na Holanda. Era fechado com os jogadores. O prprio Nonato – que foi o capito na fase de grupos – me ligou para voltar, falando que o grupo estava aceitando minha contratao. Isso pesou bastante para voltar ao Cruzeiro”, afirmou.

Artilheiro celeste na campanha do ttulo da Libertadores, com quatro gols em seis jogos, Marcelo Ramos chegou ao Cruzeiro nas oitavas de final. O centroavante estreou na competio na derrota para o El Nacional, do Equador, por 1 a 0, fora de casa. J no jogo da volta, no Mineiro, Marcelo demonstrou a importncia do seu retorno Toca. Ele marcou os dois gols no triunfo por 2 a 1, que classificou o time celeste para enfrentar o Grmio nas quartas de final. Contra os gachos, ficou de fora. Nas semifinais contra o Colo Colo, do Chile, no entanto, ele voltou a ser decisivo, marcando o gol da vitria por 1 a 0, no Mineiro, e um golao de voleio no revs por 3 a 2, fora de casa - o Cruzeiro se classificou nos pnaltis (4 a 1).

Nesses 20 anos da conquista, Marcelo Ramos uma das peas mais lembradas pelo torcedor cruzeirense. Artilheiro da equipe na competio, o centroavante marcou gols decisivos, que levaram o clube celeste ao bicampeonato da Libertadores.

Leia, na ntegra, a entrevista especial com Marcelo Ramos:

Time 'copeiro' e 'cascudo'

Ali era uma mescla de jogadores mais jovens, na mdia entre 23/24 anos, no caso eu, Dida, Gelson (Baresi), Vitor, enquanto Elivelton, Palhinha e Gottardo, por exemplo, j eram mais experientes, time este que era considerado titular. Nosso grupo era muito forte e isso ajudou bastante, porque eram jogadores jovens, mas que eram acostumados com decises, como o Vitor no So Paulo, Gelson no Flamengo, eu no Cruzeiro... ento isso ajudou bastante. Claro, todos sabemos a dificuldade no comeo. Eu cheguei j nas oitavas de final junto com o Gottardo e vi no grupo a vontade de conquistar a Libertadores, mas foi importante demais. Tivemos uma verdadeira unio, porque tem casos que voc conquista um ttulo e h problemas no grupo. Nosso elenco de 1997 estava fechado. Essa mescla de juventude e experincia fez a diferena.

Pacto pelo ttulo

Eu no estava, mas os caras falam que o grupo se fechou ainda mais, por causa das dificuldades, por ter que vencer os trs jogos finais, o Grmio fora, por exemplo, que era o favorito a ganhar a Libertadores. Eu era um jogador praticamente do grupo, porque fiquei menos de um ano na Holanda e o prprio Nonato quando encontro ele em Belo Horizonte, ele fala que o grupo todo aceitou a minha contratao, que sou um jogador decisivo. Era fechado com os jogadores. E chegou o Gottardo tambm, que j tinha a confiana do Paulo Autuori, por terem sido campees no Botafogo, e isso ajudou bastante. O prprio Nonato me ligou para voltar, que o grupo estava aceitando minha contratao e isso pesou bastante para voltar ao Cruzeiro. Sabamos que seria difcil vencer a Libertadores, mas que seramos favoritos depois de armos por todas as dificuldades na primeira fase. Crescemos muito de produo e a parte tcnica foi prevalecendo.

Milagres do Dida

Dida sempre foi um cara muito decisivo, que tinha uma tcnica, uma presa muito grande. Ele ava uma confiana muito grande para a gente. Atacvamos, olhvamos para trs e vamos o Dida. Sentamos segurana. Tnhamos confiana nele nas cobranas de pnalti, pois ele treinava bastante. Ele foi 100% em todos os sentidos, como pessoa, como um cara de grupo, no falava muito, mas nas horas certas ele falava coisas positivas. O Dida nas decises ele crescia muito. Foi fantstico, principalmente na final.

Veja tambm entrevista completa com Ricardinho, Nonato e Clio Lcio:


Importncia de Paulo Autuori

Como pessoa, voc dificilmente v algum jogador criticando ele. Claro, as vezes aparece um atleta que no est jogando muito e aproveita para criticar o treinador, mas ele conseguia deixar todos em condies de jogo. Era um ambiente muito saudvel. Mesmo quem no jogava, dava fora para o outro. Eu mesmo cheguei e encontrei Alex Mineiro, Reinaldo e Elivelton no ataque. Ele conseguia ar serenidade para o grupo. Dava 'dura' com classe, sem expor o jogador. Tem treinadores mais enrgicos que do bronca em jogador e ele acha que vai render. O Paulo era diferenciado. Foi escolhido para ganhar a Libertadores. Ele tinha o grupo nas mos. A cada treinamento ele incentivava quem no jogava. Alex Mineiro me substituiu contra o Grmio e foi super decisivo, Donizete Oliveira que no era to utilizado e jogou a final no lugar do Cleison... Ele tinha jogadores que entrariam no jogo e faziam a diferena.

Ttulo e mudana de vida

"Muda muito, tanto que hoje estamos comemorando 20 anos da conquista do maior ttulo da Amrica do Sul. Hoje obsesso dos clubes. Na nossa poca era importante, mas sabamos que, se conquistarmos aquele ttulo, entraramos para a histria, j que tinha 21 anos que o Cruzeiro no levava uma Libertadores. Hoje estamos vendo a dificuldade que classificar para a competio, e mais difcil ainda ganhar. A valorizao ainda muito grande. No para qualquer jogador. Me sinto muito honrado de fazer parte da histria do Cruzeiro, ainda mais por essa taa, que representou muito para os jogadores, levando em conta o incio, as dificuldades do jogo contra o Grmio, Colo-Colo, quando ganhamos nos pnaltis, levamos porrada (risos). Falo assim, mas a violncia no existe. Os caras que no aceitaram perder em casa. Ali mostramos a unio que a equipe tinha.

(Foto: Estado de Minas/arquivo)
Duelo contra o "azaro" na final

O grupo sabia que se tivssemos perdido dentro do Mineiro com quase, ou 100 mil pessoas, seramos taxados negativamente. Isso nos deixou ainda mais concentrados. Respeitamos bastante o adversrio. Em nenhum momento na Libertadores achamos que teramos jogo fcil, principalmente contra o Sporting Cristal, quando empatamos l em 0 a 0. No viemos no avio de Lima achando que j estava tudo ganho. O jogo aqui foi muito truncado, muito difcil, poucas chances de gol, que s saiu aps um chute do Elivlton e uma falha do goleiro. Valorizamos muito a atuao do Sporting. Para o torcedor que no cruzeirense, vai sempre menosprezar o Sporting Cristal, mas a gente sabe que se no ganhssemos, estaramos marcado negativamente na histria do Cruzeiro.

Importncia da torcida no Mineiro

Foi impressionante, principalmente os jogos contra o Colo Colo e o Grmio. O que o torcedor fez naquela Libertadores foi maravilhoso. Isso acabava nos ando ainda mais responsabilidades com a nossa torcida que incentivou, que acreditou no grupo, pois sabemos a dificuldade do torcedor em chegar ao Mineiro. Graas a Deus deu tudo certo e terminamos aquele semestre com dois ttulos. No podemos menosprezar o Campeonato Mineiro, pois se perdessemos frente ao Villa, poderamos ter dificuldades de reao.

Curiosidades

O fato mais engraado foi depois da partida em Santiago, contra o Colo Colo. Mesmo com a pancadaria, com a preocupao da volta para o hotel, at mesmo o retorno para Belo Horizonte, mas todos demos risadas com a pancadaria: "Ah, Marcelo deu porrada, tomou soco". Na chegada a BH comeamos a dar risada, pois no espervamos aquela confuso. At nisso o grupo era unido, pois ningum correu. Donizete estava apanhando e todo mundo partiu, at mesmo o Ricardinho, com aquele "corpo" que ele tinha (risos).

O que faz hoje

Hoje eu estou comeando a mexer com futebol. No me vejo fora. Estou sempre viajando para Belo Horizonte, tocando minha carreira de empresrio, mas com muita calma, sempre observando o futebol. Realizo projetos sociais no esporte aqui em Salvador. No penso em ser treinador. Minha caracterstica mais voltada para diretor de futebol. Estou me preparando, quero muito ter uma oportunidade.


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